segunda-feira, 30 de março de 2020

Dieta em tempo de isolamento

Os primeiros três meses do ano passaram e pela primeira vez em algum tempo estou a conseguir manter a resolução de ter uma alimentação mais cuidada e fazer exercício para sair da obesidade mórbida e voltar a ter um tamanho e peso mais saudáveis.
Eu sou uma "comedora emocional" e tinha planeado o meu 2020 para ser um ano mais calmo, depois de em Fevereiro o psicólogo me dizer que eu estava de novo mais equilibrada e que provavelmente tinha força para resolver este meu problema. 

Entretanto veio esta pandemia e com devem imaginar não se perspectiva um ano livre de stress emocional e de grande equilíbrio mental. Tenho vivido há já duas semanas praticamente encerrada no meu quarto, onde tenho interrompido só para curtas idas ao supermercado uma vez por semana e para uma caminhada ocasional num parque quase deserto aqui ao perto de casa.

Tenho conseguido até agora portar-me bem, os meus 8kg perdidos nestes três meses, são a prova disso. Mas quero dizer neste post que não é tudo mérito meu. Em grande parte tenho sido apoiada pelas pessoas que me estão a seguir neste processo e sobretudo pela Joana Pacheco, que me está a incentivar a fazer mais exercício e que me fez um plano de treino adaptado que está a resultar em fazer-me ter uma vida mais activa.

Eu conheço a Joana quase há 10 anos, começou por ser estudante no curso onde eu leccionava, é há já alguns anos Técnica de Medicina Nuclear numa das instituições de Lisboa e teve ela própria uma jornada em que emagreceu cerca de 40 kg com reeducação alimentar e exercício. A Joana está a concluir a qualificação como personal trainer e tem como objectivo ajudar outros com grande excesso de peso nesta jornada. Como me está a ajudar a mim.

Eu devo dizer que não só pelo aspecto físico mas pelo emocional de ter alguém a ajudar-me que compreende as minhas limitações e dificuldades tendo eu um peso tão elevado, tem sido um apoio inestimável.

Eu já praticamente tinha desistido. Há uns anos andava a ser seguida na nutricionista com algum sucesso e saí porque apesar do meu sucesso ela me recomendou fazer cirurgia gástrica.
 Eu tinha na altura 89 kg, ou seja menos 20 que agora.  Eu sei que nada é tão eficaz como a cirurgia para pessoas que como eu têm complicações hormonais que potenciam a obesidade e fazê-lo sem esse apoio é uma tarefa difícil. Mas não me sinto com vontade de fazer algo que alterará o meu corpo de forma tão drástica. Nestes casos de pessoas como eu o mais importante às vezes para que tenhamos a força de continuar é encontrar pessoas que nos apoiem, que acreditem em nós e que nos dêem as ferramentas para que o possamos fazer com as limitações que temos. A Joana fez isso por mim e queria por isso prestar-lhe um grande agradecimento público.

O tempo dirá se vou conseguir atingir o meu objectivo de chegar aos 79 kg, e sair da obesidade. Por agora é o meu foco, e devagarinho com este apoio fantástico espero lá chegar.



Portugal de quarentena...

Nesta últimas semanas as nossas vidas foram mudadas de uma forma que parecia impossível antecipar apenas algumas semanas antes. 

Vivemos na Europa,  habituámo-nos a ouvir falar de catástrofes horríveis, de perdas de vidas, de terrorismo e guerras que matam, mutila e massacram milhares, de milhões que morrem à fome... mas apenas a muitos quilómetros de distância, como se de outro planeta se tratasse...
Comovemo-nos. Somos humanos... Mas passados dois minutos voltamos à nossa vida comum, em que muitas vezes temos uma casa confortável, uma família amorosa, segurança e saúde.

Agora é real, bateu à nossa porta também,  podemos ser os próximos e começamos a perceber o quão privilegiados temos sido.

Tenho de dizer também que não só não estou a viver no país como também não sou muito nacionalista, sou uma inconformada com as políticas nacionais e apesar e tender mais para a esquerda não me revejo integralmente em nenhum partido. Ainda assim não consigo disfarçar um grande gosto em ser portuguesa na altura das catástrofes. Porque é nestas alturas que o melhor de nós vem ao de cima, na minha opinião.

Não nos apercebemos sempre dos tesouros que temos, não somos tão bons como achamos em muitas coisas mas somos imensamente reais. 

E na catástrofe e infortúnio somos unidos como poucos outros são, somos dum tipo que toma responsabilidade e actua, detestamos seguir regras e leis no dia a dia mas somos os primeiros a condenar os que não as seguem quando isso põe em causa vidas e a situação é crítica.

Temos um calor humano que não se encontra em muitos sítios e que contrariamente a muitos sítios é real.
 Estou impressionada como o país está a gerir a situação, de forma mais rápida e eficaz que a maioria dos outros países. De forma perfeita? Não, mas não há perfeição na vida e às vezes é preciso relembrar isto. Houve humanidade a gerir esta situação, as pessoas foram postas antes da economia, os migrantes foram tomados como nossos e têm acesso ao nosso SNS, começou tudo a ser feito antes mesmo de haver mortes...

Portugal lembra-me um pouco a ideia que temos das casas pobres em que há sempre espaço para mais um e aquelas histórias do antigamente em que se dividiam as sardinhas porque não davam para todos.

Hoje a quarentena (eu sei que é distanciamento social mas gosto mais do termo quarentena) fez me ficar nostálgica e ter imensas saudades desse cantinho do mundo em que um estranho é um amigo, em que podemos falar com toda a gente, em que pessoas se cumprimentam mais facilmente, em que  beijocamos tudo o que mexe e expomos o nosso coração de humano para humano.

 Esperemos que no depois, quando tudo isto não for mais um perigo e quando não tivermos de aplicar medidas que tanto contrariam a nossa tendência natural voltemos ao nosso eu, não original mas melhor.

Talvez o melhor do português seja isso, seja o saber sentir e mostrar que sente.




terça-feira, 3 de março de 2020

5 anos e 30 quilos..

Comecei dieta mais ou menos no início de Janeiro, não uma dieta rígida mas apenas tentar controlar o que como, reduzir os doces, e tentar aumentar um pouco a minha actividade física.

Já perdi as contas de quantas vezes fiz e desfiz dietas. Não tenho grande esperança que desta vez vá funcionar. Mas desta vez decidi fazer por uma boa causa. Engravidar daqui a alguns anos.

Não é grande novidade que eu nunca quis ser mãe cedo, mas agora que tenho 35 começo a pensar nisso, para quando voltar a Portugal de forma mais definitiva.

Devido  aos meus ovários poliquísticos a minha probabilidade de conseguir engravidar naturalmente aos 37 ou 38 será muito reduzida estou a contar utilizar os ovócitos congelados. Segundo me informaram na clínica implantam os mesmos apenas em pessoas que não sejam obesas.
 Ver a minha irmã passar muito mais nova que eu serei passar pela gravidez com complicações, também pesou na minha decisão. Se ela tem tido problemas eu terei muito mais. Neste momento com este peso e tamanho uma gravidez não seria possível.

Eu não sou só obesa, obesa era eu há 5 anos com menos 30 quilogramas, eu neste momento estou na obesidade mórbida.

Tenho muitas razões para ter chegado aqui, tenho algumas de saúde física como o uso de antibióticos para continuadas infeções urinárias, problemas hormonais e lesões articulares que me causam dor e impedem muitas vezes um exercício físico mais activo e prolongado.

Mas penso que sou gorda sobretudo por razões emocionais. Eu uso a comida como um cobertor de segurança, quando estou aborrecida, sozinha, infeliz, stressada. Especialmente em épocas mais negativas. Tenho a agravar isto tudo o facto de não me fazer muita confusão ser gorda, penso que em muitas situações me serve bem porque me faz ser menos intimidante, o facto de eu ter um erro tão grande tão visível acaba por me dar coragem para não sentir pressão e fazer mais erros, e tentativas que às vezes acabam por trazer coisas boas. Resumindo, para mim ser gorda é libertador, é uma forma de não conformismo e quase sempre me sinto bem em qualquer tamanho.

Tenho  esta luta sempre na na cabeça.
Desta vez  decidi desta vez fazer tudo devagarinho.

A falar destas coisas com a minha sogra minha sogra disse -me há pouco tempo que estou o dobro desde a altura em que conheci o loiro, há 5 anos. Não foi com má intenção, foi mais para me ajudar,  e não estou o dobro mas estou 30 kg mais pesada que na altura. Hoje a ver fotos desse tempo (está quase no aniversário de nos termos conhecido, fiquei um bocado chocada). A verdade é que eu nunca sinto em mim a variação do peso, apesar de nas fotos ser bem notório. Também é por isso que decidi desta vez ir partilhando selfies de corpo inteiro, porque me ajuda a comprometer com o plano o facto de se falhar ser um falhanço público e porque me ajuda a ver a evolução que não sinto.

Assim deixo aqui as fotos de há 5 anos, como o objectivo a atingir até final de Dezembro deste ano. Vamos ver se consigo.












How happy I was if I could forget

  How happy I was if I could forget How happy I was if I could forget To remember how sad I am Would be an easy adversity But the recollecti...