sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Adeus 2016

De 2016 para 2017 nada acontecerá na terra de novo, na realidade para o planeta é tudo igual, para muitos de nós também, este ano não me sinto com este espírito de mudança que antecede um ano novo. Sinto-me na mesma, à semelhança do que aconteceu no meu aniversário, não sei o que se passa comigo mas parece-me que deixei de acreditar em marcos milagrosos do mundo e passei a crer mais na mudança diária que pudemos fazer nas nossas vidas.

2016 não foi para mim um Ano fácil, nem será o 2017.

Se em 2016 a minha saúde (na realidade a ausência dela) me chateou muito, em 2017 esperam-me incertezas profissionais que farão de certeza estragos no meu estado de espírito.

Ainda assim, tudo tem o seu lado positivo, e se 2016 foi um ano de estagnação que me deu tempo para me centrar em mim mesma e 2017 será certamente um ano que me empurrará para mudanças.

Entrarei em 2017 com uma espírito aberto ao que o novo Ano me trouxer de bom mas com a sabedoria do passado para enfrentar o menos bom. sem deixar que me pare.

Para todos faço votos  que 2017 nos surpreenda pela positiva!!

Em relação às resoluções de 2017, deixei-me disso, eu nunca as cumpro de qualquer maneira, mas este Ano em que ainda estamos foi sem dúvida um Ano de libertação de muitas amarras e velhos hábitos. Foi um Ano em que caminhei em direcção a mim própria e à pessoa que realmente sou e só quero que o próximo Ano me permita continuar essa caminhada.


terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Mais do que a religião: Deus

Eu sou muito católica, veio-me por criação e entranhou-se por convicção. 
Desde criança tenho memórias de a minha avó Aida  ensinar-me a rezar o Pai Nosso Pequenino e a contar-me a história do Rei Heródes e do menino Jesus. Assim, na minha visão pessoal de Deus e das religiões, Deus existe, como diria aquela canção "tão certo como o ar que respiro..." já as religiões acredito que são formas culturais de catalogar Deus, mediante a nossa cultura.

Para mim esta estrutura e os rituais religiosos são importantes porque me dão um porto seguro, dão-me esperança e acredito que ainda que seja possível ter bons princípios sem religião, de forma generalizada as religiões transmitem bons princípios. Apesar de na teoria existirem muitas guerras religiosas estas não o são na sua essência, são mais lutas de poder e bens financeiros camufladas pelas diferenças religiosas.

Eu sou católica praticante: Vou à missa pelo menos uma vez por semana, rezo o terço todos os dias e sinto-me bem a seguir os rituais religiosos, mas  entendo que deve existir tolerância em relação às crenças dos outros e tenho alguma dificuldade em aceitar pessoas que sejam intolerantes em relação às minhas próprias crenças.

Hoje na internet encontrei um artigo dum blog em que evangélicos ajudam católicos dando-lhes apoio em peregrinação.


Este é um tema que me toca especialmente porque o meu loiro é evangélico, é a primeira vez em que tenho uma relação amorosa com alguém educado numa fé diferente da minha e isso para mim era um dos principais entraves psicológicos no início da relação.

A minha Mãe costuma gozar-me a dizer que eu sou quase como os protestantes porque rezo mais a Deus que aos Santos, sendo esta uma das diferenças entre as duas religiões. Os católicos têm santos e incluem o sacrifício na religião como parte integrante da mesma por oposição aos evangélicos. Por outro lado o loiro disse-me que gosta muito do facto de os católicos terem o abraço da paz na missa que eles não têm...



Tudo isto tem-me permitido aprender a tolerância e a ser mais flexível em relação às crenças dos outros. Este Inverno  na terra Natal do meu loiro e optei por ir à missa dele, em vez de ir a uma missa católica, é também habitual ele ir comigo à minha missa ainda que seja doutra religião. No fundo Deus é união, o resto se seguirmos os ideias de união e bondade que todas as religiões pregam, são  insignificâncias que podem ser partilhadas servindo para nos unir em vez de separar.






sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Sou uma louca idealista: Doença mental e genes

Há uns dias a minha irmã convidou-me para passar com ela "um dia de irmãs"...nesse dia estávamos a falar sobre a nossa família e as coisas que nos preocupam com eles, quando ela que é acérrima nas críticas à abertura com que falo da minha vida neste blog disse-me que uma pessoa próxima que não identificou lhe tinha dito que eu era desequilibrada, por todos os assuntos que abordo aqui.

Como é certamente alguém preocupado com o meu bem estar quero só garantir que  por agora estou bem, ainda assim tendo  em conta a carga genética de doenças psiquiátricas que certamente trago nos meus genes é muito provável que ao longo da vida isto não seja assim.

 As doenças psiquiátricas são um dos meus temas de interesse e estudo fora de horas, já que de ambos os lados da minha família existem pessoas com doenças destas altamente debilitantes, e também porque o que estudei me ajudou a perceber de que forma esta doenças funcionam, enquanto empiricamente me apercebo como são devastadoras, difíceis de controlar e porque é tão errado haver o estigma que muitas vezes lhe está associado.

Já por várias vezes ouvi pessoas com educação em saúde e em posições de relevo referir-se a qualquer coisa como sendo "esquizofrénica" como se fosse um adjectivo para caracterizar qualquer coisa anormal e não só uma doença. Vindo isto de pessoas de saúde, quando o oiço deixa-me incomodada.

 A maioria das pessoas não tem noção que as doenças mentais são na realidade doenças físicas, caracterizadas por fenómenos físicos quantificáveis que acontecem no cérebro e devíamos ser nós  profissionais de saúde responsáveis por desmistificar isso.

Estas doenças além do estigma profundamente negativo, são muitas vezes relevadas como intencionais ou de importância secundária, porque além de terem etiologia multifactorial são potenciadas pelo ambiente no qual a pessoa está inserida. Não se pode contudo aplicar esta descrição também a outras doenças como por exemplo o cancro, algumas doenças neurodegenerativas, doenças cardíacas e metabólicas?

Quando oiço coisas do género não consigo deixar de pensar que devemos ser nós as pessoas de saúde  a diminuir este preconceito em vez de o potenciar, o preconceito esse sim não me parece ter origem genética, é de  difícil gestão e com comportamento claramente refractário à medicação.

Ainda assim para que percebam o impacto destas doenças fiquem a saber que de vários estudos que tenho lido me pude aperceber que muitos dos sem abrigo ficaram em situações de rua ou por dependências de substâncias químicas ou por situações de saúde mental não controladas. 

Era tão mais fácil se a nossa sociedade se tornasse uma sociedade verdadeiramente inclusiva em vez de culpabilizadora, porque aí a gestão da saúde e comunidades seria feita no sentido de abarcar e apoiar todo o tipo de doenças não no sentido de excluir todos aqueles que não cabem no molde pré-fabricado do que é socialmente aceite.

Deixo aqui um artigo particularmente acessível sobre o tema, fala em como os genes responsáveis pela nossa personalidade são de facto também os genes responsáveis pela tendência ao desenvolvimento destas doenças. Sempre se ouviu dizer que a maior parte dos génios são "doidos" talvez assim seja, talvez o ser-se "doido" seja na realidade um outro espectro de normalidade. São múltiplas as associações do autismo com capacidade geniais.



Devo ainda realçar que não escrevo este post ou outros com o objectivo de me expor a mim e à minha família, admiro-os e  adoro o facto de no global (principalmente a minha família mais próxima) serem diferentes da maioria das pessoas que conheço, acho que essa diferença me ajudou a crescer livre e a depender menos do julgamento das outras pessoas do que acontece à maioria das pessoas. São para mim sempre motivo de orgulho e nunca de embaraço.

 Aproveito ainda para esclarecer que escrevo este e a maioria dos outros posts porque escrever é para mim um processo catártico, terapêutico, um processo que me permite manter o equilíbrio (ao invés de me desequilibrar), me dá prazer e me ajuda a intervir no mundo à minha volta, desmantelando preconceitos. 

Eu acredito no poder que cada um de nós tem de fazer do mundo um sítio melhor, desde que não nos acomodemos a ser o que os outros pensaram para nós.

Afinal talvez seja louca, porque o que é mais louco do que ser sonhadora e idealista aos 32 anos no mundo de hoje??





segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Lançamento do Livros "No Tempo das Mimosas": Como correu!!

Este  Sábado passado 10 de Dezembro de 2016 foi o lançamento do meu livro "No Tempos das Mimosas", na livraria Ferin do Chiado.

Para mim este dia foi a concretização dum sonho, eu sei que é uma tolice como qualquer outra, mas como sempre quis ser escritora e embora sempre me tenha imaginado como romancista (um dos meus grandes ídolo é a Jane Austen), a verdade é que esta minha primeira obra publicada é um livro de Poesia.

Quando me decidi a publicar o livro, foi mais porque sim, porque estava feito, porque várias pessoas me incentivaram, nunca pensei muito no que se seguiria mas à medida que o livro físico se foi concretizando comecei a ficar um pouco ansiosa. Embora não seja um livro inteiramente autobiográfico, muitos dos poemas são inspirados em situações da minha vida, vivências, memórias, amores platónicos e reais, desilusões e reconstruções da pessoa que sou...

No dia do lançamento como podem imaginar estava nervosa, ainda assim a sessão superou largamente as minhas expectativas.

A sessão decorreu com as minhas convidadas a falarem um pouco do que conhecem de mim, a minha Mãe relatou peripécias da minha infância que fizeram toda a gente rir, seguidamente a minha amiga Rita Morais relatou um pouco do que conhece do meu carácter como adulta e das nossas vivências desde que vim parar a Lisboa para fazer a Licenciatura. Por fim a minha chefe a Professora Lina Vieira que falou um pouco do meu percurso académico e profissional e que me fez sentir francamente apreciada e reconhecida pelo trabalho que desenvolvo.
A escolha destas pessoas foi mais do que acertada, senti-me até um pouco sem saber bem o que dizer no final porque tudo o que se pudesse dizer de bem acerca de mim foi dito e através de lentes generosas que o amor maternal e a amizade abrilhantam.

Posteriormente tive o prazer de ter pessoas a quem estimo a ler os meus Poemas:
O meu Pai que leu um poema sobre o apreciar o momento presente, a minha irmã que leu um poema sobre a minha infância, o meu namorado que leu um poema de amor, a minha amiga Ema que leu um poema sobre o reconhecer que acontece quando nos apaixonamos sem querer, a minha amiga Joana que leu um poema sobre os medos e os segredos que todos temos e por fim a Professora Ilda Poças que declamou dois dos meus poemas de uma forma tão brilhante que sem dúvida engrandeceu a sessão.

A meio da leitura dos poemas algumas pessoas na audiência comoveram-se e vê-las comovidas com o que escrevo foi o melhor sentimento de realização que poderia ter sentido. Qualquer escritor escreve para si, mas ver que o que se escreve toca os outros profundamente e que há pessoas que ficam felizes com a nossa felicidade pessoal, é um sentimento maravilhoso. Senti-me compreendida!!

Por fim fui entrevistada por duas jornalistas mirim de forma brilhante.

A sessão foi toda ela uma prova de amizade das pessoas que me apoiam e por isso agradeço-vos a todos os que se envolveram neste processo e a todos os que me apoiam nesta concretização dum sonho. Não podia ter desejado melhor!!!

 Fernando Pessoa disse que "somos do tamanho dos sonhos", eu queria só dizer que no meu caso os meus sonhos não abarcam os sonhos e amizade dos outros para mim, e após estes sonhos extrapolados com este apoio gigante, novos sonhos me aguardam...











segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Amizades virtuais

Eu sou um bocadinho viciada em redes virtuais e a internet tem um papel importante na minha vida. Por norma não sou curiosa, então não pertenço muito ao grupo de pessoas que usa a internet para investigar outras pessoas, sou por natureza expansiva e isso nota-se uso a net para comunicar e cruzar a minha vida com a de outras pessoas com interesses semelhantes. 

Eu tenho amigos dos sítios mais diversos, da escola em Canas de Senhorim, da residência de freiras onde vivi, do curso e da casa, dum trabalho de turismo em que fiz uma incursão de um mês, antigos alunos que com o tempo de tornaram amigos, colegas que são mais que isso, pessoas que os livros me trouxeram e sim amigos virtuais... 

É me difícil separar as pessoas em categorias não misturáveis, na realidade os meus amigos são muito diferentes entre si e na sua grande maioria de mim, tenho de tudo, os mais rabugentos, populares, impopulares, divertidos, inteligentes, calados e quietos, das mais diversas religiões, profissões e estudos...Não costumo pôr barreiras, no campo do fazer amigos sou uma fácil. 

Ora uma destas pessoas a quem considero amiga é alguém com quem falo há muitos anos e desde há 3 anos praticamente todos os dias com a particularidade de nunca nos termos conhecido. Foi uma das pessoas que reveu os meus poemas, é uma das pessoas que conheci através dos blogues em que participei, sem no entanto  nunca termos estado juntas. Somos diferentes em tudo, temos opiniões opostas em quase tudo, quase todos os dias nos chateamos uma à outra com qualquer coisa que discordamos e acho que somos como aqueles casais velhos rabugentos, que se aborrecem mas que se adoram.

Tem piada porque nenhuma das minhas pessoas mais próximas entende isto, acham completamente idiota esta ligação, sobretudo numa pessoa que tem também amigos reais,  pessoas próximas que ama muito, uma família que me apoia sempre. Fala-se sempre dos amigos virtuais como se fosse suposto preencherem uma lacuna real, quando na realidade pode não haver lacuna nenhuma e esta amizade ser só uma amizade igual a qualquer outra, mas distante... esta minha amiga envia-me mensagens a meio da noite quando tem alguma novidade empolgante, eu queixo-me da vida para ela, quando está mal mantemo-nos em contacto e vice versa... e seguem assim os nossos dias, somos presença na vida uma da outra sem nunca nos termos conhecido presentemente.

Quando falamos disso achamos que um dia destes nos conheceremos, mas será isso tão essencial? 
Tenho a teoria que a internet aproxima as pessoas distantes e afasta os próximos e embora eu me considere uma pessoa relativamente transparente e indubitavelmente honesta, embora eu tenha uma família que adore, um grande amor, amigos que conheço pessoalmente e são eles também a minha família escolhida, isso não invalida que esta amizade virtual seja muito real na minha vida.

Acredito que a minha missão no mundo é aprender a ser feliz e fazer felizes os outros, então não deixo que os conceitos me limitem, prefiro aproveitar as coisas valiosas da vida em vez de as catalogar. 



How happy I was if I could forget

  How happy I was if I could forget How happy I was if I could forget To remember how sad I am Would be an easy adversity But the recollecti...