Eu sou um bocadinho viciada em redes virtuais e a internet tem um papel importante na minha vida. Por norma não sou curiosa, então não pertenço muito ao grupo de pessoas que usa a internet para investigar outras pessoas, sou por natureza expansiva e isso nota-se uso a net para comunicar e cruzar a minha vida com a de outras pessoas com interesses semelhantes.
Eu tenho amigos dos sítios mais diversos, da escola em Canas de Senhorim, da residência de freiras onde vivi, do curso e da casa, dum trabalho de turismo em que fiz uma incursão de um mês, antigos alunos que com o tempo de tornaram amigos, colegas que são mais que isso, pessoas que os livros me trouxeram e sim amigos virtuais...
É me difícil separar as pessoas em categorias não misturáveis, na realidade os meus amigos são muito diferentes entre si e na sua grande maioria de mim, tenho de tudo, os mais rabugentos, populares, impopulares, divertidos, inteligentes, calados e quietos, das mais diversas religiões, profissões e estudos...Não costumo pôr barreiras, no campo do fazer amigos sou uma fácil.
Ora uma destas pessoas a quem considero amiga é alguém com quem falo há muitos anos e desde há 3 anos praticamente todos os dias com a particularidade de nunca nos termos conhecido. Foi uma das pessoas que reveu os meus poemas, é uma das pessoas que conheci através dos blogues em que participei, sem no entanto nunca termos estado juntas. Somos diferentes em tudo, temos opiniões opostas em quase tudo, quase todos os dias nos chateamos uma à outra com qualquer coisa que discordamos e acho que somos como aqueles casais velhos rabugentos, que se aborrecem mas que se adoram.
Tem piada porque nenhuma das minhas pessoas mais próximas entende isto, acham completamente idiota esta ligação, sobretudo numa pessoa que tem também amigos reais, pessoas próximas que ama muito, uma família que me apoia sempre. Fala-se sempre dos amigos virtuais como se fosse suposto preencherem uma lacuna real, quando na realidade pode não haver lacuna nenhuma e esta amizade ser só uma amizade igual a qualquer outra, mas distante... esta minha amiga envia-me mensagens a meio da noite quando tem alguma novidade empolgante, eu queixo-me da vida para ela, quando está mal mantemo-nos em contacto e vice versa... e seguem assim os nossos dias, somos presença na vida uma da outra sem nunca nos termos conhecido presentemente.
Quando falamos disso achamos que um dia destes nos conheceremos, mas será isso tão essencial?
Tenho a teoria que a internet aproxima as pessoas distantes e afasta os próximos e embora eu me considere uma pessoa relativamente transparente e indubitavelmente honesta, embora eu tenha uma família que adore, um grande amor, amigos que conheço pessoalmente e são eles também a minha família escolhida, isso não invalida que esta amizade virtual seja muito real na minha vida.
Acredito que a minha missão no mundo é aprender a ser feliz e fazer felizes os outros, então não deixo que os conceitos me limitem, prefiro aproveitar as coisas valiosas da vida em vez de as catalogar.
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