sexta-feira, 24 de abril de 2020

5 anos com o Loiro...

No próximo domingo dia 26 de Abril fará 5 anos que eu conheci o Loiro. Foi também num domingo, solarengo que passeámos NO Parque das Nações juntos pela primeira vez.

Ele meteu-se comigo na internet e combinámos encontrarmo-nos para nos ajudarmos mutuamente a aprender línguas. Eu queria aprender alemão, andava farta de tentar convencer as minhas amigas de se meterem num curso de alemão comigo sem sucesso, o Loiro queria melhorar o português.

Esta semana lemos juntos estas primeiras conversas que tivemos na internet. Ele guardou-as e enviou-mas. E foi engraçado ver como começámos a falar.

A minha primeira impressão quando o vi foi de que ele era muitíssimo atraente.  Logo de imediato tínhamos imensas coisas em comum, ambos falamos múltiplas línguas, o Nick estudou Engenharia Biomédica e eu estava a fazer o doutoramento nessa área. Ambos adoramos viajar mas mais viagens de aventura que de praia, lemos imenso... De uma forma totalmente natural e amigável a conversa fluiu. Eu estava numa fase em que me sentia bem estando solteira, andava sempre a fazer coisas novas e diferentes com amigos meus e andava feliz, de modo que nunca pensei que passássemos além do ficarmos amigos.

Na segunda vez em que decidimos ir estudar juntos, fomos passear  na baixa  e ele perguntou-me se queria ir a um jardim que ele conhecia. Eu disse que sim. Fomos para o Jardim da quinta das conchas, sentámo-nos na relva e ele começou a mexer-me numa pulseira, sem dizer absolutamente nada, só a olhar para mim. Acho que provavelmente pela primeira vez na vida perdi as palavras. Saímos do Jardim já de mãos dadas.

Eu contei às minhas amigas que tinha começado esta relação mas que não esperava que durasse além do Verão. Ele parecia tão diferente do que eu sempre achei que seria o ideal para mim. 

Felizmente estava enganada. Logo no primeiro mês o Nick decidiu ler o Orgulho e Preconceito por ser um dos meus livros preferidos e isso fez-me ver um Homem que punha esforço em coisas que parecem parvas e pequenas mas que a mim me fazem feliz. Apaixonei-me pelo que havia para além do cabelo Loiro, dos olhos azuis, do corpo jeitoso...

 Eu ainda hoje acho que não temos a relação mais normal do mundo, mas acho também que são as nossas diferenças que nos fazem resultar como casal. Que é o facto de ambos sermos instáveis que nos ajuda a compreender o outro e a apoiá-lo nos seus sonhos e esperanças de uma forma que talvez outras pessoas não entendam, que o facto de eu ser muito extrovertida e ele muito introvertido trazem um certo balanço e que moderam o melhor e o pior de cada um de nós.

Uma das provas que nos fez mais fortes enquanto casal foi o facto de eu decidir  vir para o UK, toda a gente  nos disse que nos separaríamos, as pessoas diziam me abertamente  que eu conheceria novas pessoas e que não ia resultar. Que nós não éramos um casal muito estável e que as tentações nos separariam.

Se há tentações ao estar longe... Há! Conheci imensas pessoas interessantes.  Mas como em tudo na vida também há tentações quando se está perto. O que determina se os casais permanecem juntos ou se separam não é a ausência de dificuldades. É antes o escolhermo-nos um ao outro todos os dias, especialmente quando as coisas não são fáceis. As relações não resultam pela paixão. A paixão vai e vem e tem altos e baixos. E quando se segue unicamente a paixão está-se destinado a que fracasse quando esta acabar. As relações resultam  em função do comprometimento. Resultam se ambas pessoas decidirem que é para resultar e se empenharem verdadeiramente nisso. Nisto eu sou muito tradicional, acredito em tentar fazer tudo resultar antes de desistir. Às vezes funciona contra outras vezes a favor.

Neste caso funcionou a favor. Não sei o que o futuro nos reserva, mas desejo muito mais do que os próximos 5 juntos. Neste momento mal posso esperar para poder voltar a estar com ele. 

Eu tenho uma personalidade independente e combativa, mas mesmo eu preciso dum porto onde me abrigar nas tempestades, e descobri no  Nick o meu porto.







quinta-feira, 23 de abril de 2020

Não facebook, eu não quero o rabo maior!!

Esta semana por alguma razão que não consigo entender tenho tido imensos anúncios relacionados com produtos para aumentar o rabo. Isto deixou-me a achar que deve haver algum erro no algoritmo que me dirigiu estes anúncios mas também me deixou a pensar na forma como estes padrões de beleza continuam, mesmo agora na Era do "BodyPositive" a influenciar a maneira como nós mulheres nos vemos e a afectar a nossa auto-estima.

Eu adoro roupas, maquilhagem e um pouco todas essas coisas de transformação, mas a verdade é que de uma forma geral me sinto bem com o meu corpo. Talvez por isto irrito-me com a publicidade dirigida às mulheres tenha como objectivo fazê-las sentir inseguras.

Não conheço mulher nenhuma que durante a sua vida em algum ponto não tenha sentido que tinha o rabo grande demais, nos últimos anos tudo mudou. Parece que de tempos a tempos, temos de transformar tudo e ir na direcção exactamente oposta. Celebrar um rabo anormalmente grande não é um relaxar dos padrões de beleza, é só mais outro padrão para fazer as mulheres sentirem-se inadequadas. E isto que me faz sentir mal com todas estas correntes. 

 Demorei muito tempo a fazer as pazes com o meu corpo, porque sempre desgostei o facto de ter o peito assimétrico. Uma das minhas mamas é consideravelmente maior que a outra. O meu ex ajudou me nisto porque costumava gozar comigo a dizer " é fixe, é como estar na cama com duas gajas diferentes". Esta piada idiota  ajudou-me a aceitar-me a mim mesma, acho que era o objectivo da piada e resultou.

 O  Loiro  foi também essencial para eu me apaixonar por mim mesma, sempre me fez sentir que me adora por inteiro. Desde chamar-me para dançar nus no quarto quando acordamos, até ao facto de achar que o facto de eu ser suave e fofinha é a melhor sensação no mundo.

Às vezes precisamos que os outros se apaixonem por nós antes de nos apaixonarmos por nós mesmos. E por isso é que a aceitação é tão importante. O atacar os gordos, ou os magros, ou os que por qualquer razão cabem fora do padrão não faz as pessoas mudarem, mas faz grande parte delas desenvolverem pensamentos e sentimentos tóxicos acerca de si mesmas. 

 Ainda ontem vi um documentário que me chocou de crianças na Mauritânia que são alimentadas à força para se casarem na adolescência porque os homens dizem que fazer sexo com mulheres gordas é mais confortável. Uma das raparigas dizia que quando fosse gorda seria bonita. No Ocidente quantas mulheres não pensam o contrário... No fundo o problema é exactamente o mesmo.

Seja no ocidente "desenvolvido" em que as mulheres têm de ser magras com rabo e mamas. Seja em África onde se querem mais cheiinhas...Que sentido faz esta auto-torturar em função dum ideal que muda tanta vez que só prova que não é ideal de todo? Até quando?

Façam pela saúde, façam por ser sentirem bonitas, mas não deixem que ninguém vos faça sentir que há algo errado com o ter características que fogem às revistas... não há!!!

Em relação à minha perda de peso... tenho continuado mas desde a Páscoa mais desleixada. Tenho como objectivo chegar ao 1 de Junho com 107 kg, o que equivaleria a menos 10 kg desde Janeiro. Vamos lá ver se consigo...

Deixo-vos o documentário é impressionante.








quinta-feira, 9 de abril de 2020

A importância da mediocridade

As pessoas faladoras são invariavelmente vistas como menos sensatas que as pessoas mais caladas.

 Talvez por isso eu tenha desde há muito tempo a ideia que a impressão que as pessoas têm de mim quando não me conhecem de perto é que eu não fiquei a dever particularmente à inteligência. 
Tenho uma natureza calorosa, brincalhona e honesta que me separa da ideia que as pessoas têm de como as pessoas inteligentes e educadas se devem portar. 

Ainda assim sempre pensei em mim como uma pessoa inteligente e sempre que tenho dificuldades em aprender algo isso afecta grandemente a minha identidade e auto-estima, muito mais do que por exemplo o meu aspecto físico. 

 Talvez por isso é-me sempre difícil quando vejo que há qualquer tema ou disciplina que é mesmo difícil para mim. Estou habituada talvez a estudar temas e a a aprender coisas para os quais tenho uma afinidade natural ou pelo menos um gosto.

 A minha tese de Doutoramento neste sentido está a uma grande luta e tem reduzido o meu conceito de mim mesma a mínimos recorde. 

A possibilidade real de não conseguir concluir bem algo em que investi tanto esforço e sacrifício... especialmente sacrifício, tem me feito andar em baixo, devia ter investido numa área em que tivesse mais conhecimento do que aquela a que vim parar. 

Ainda assim às vezes há respostas que nos aparecem para as perguntas que não temos a coragem de fazer a nós mesmos. tenho nos últimos dias visto palestras de Malcolm Gladwell, (o autor de outliers e apologista do esforço consistente como mais importante que a genialidade)  adoro os livros dele mas como qualquer pessoa que lê um livro às vezes passado algum tempo esquecemo nos dos ensinamentos básicos. 

Numa das palestras que vi hoje ele fala como muitas vezes paciência e persistência são mais importantes que ser genial e como nos sentimos desadequados por nos compararmos com as pessoas que primariamente nos rodeiam em vez de com o global e de como isso nos pode afectar ao ponto de nos sentirmos tão incapazes que desistimos de coisas onde a persistência e a paciência nos levariam.

Isto era o que eu precisava de ouvir hoje. Eu sou das pessoas todas que conheço aqui, a que está a fazer um doutoramento mais distante da área e conhecimentos originais e também a que teve mais entraves com autorizações e atrasos na tese. Foi tudo uma combinação de problemas aos quais se soma a minha ignorância no campo da computação, a qual tenho tentado vencer nos dois últimos meses mas de forma muito deficiente.

 É difícil, mas talvez o caminho para conseguir fazer isto passe por me habituar a este sentimento de mediocridade em algo e de e ter orgulho nisso, pensar que esta mediocridade é um sinal de que estou a aprender algo novo e não de que deva desistir. Preciso de me lembrar que ninguém nasce ensinado e persistir, mesmo quando todas as células no meu corpo me dizem que não sou capaz porque sou mesmo má nisto, é o único caminho que posso contemplar. Ser teimosa nisto como sou no resto da minha vida.
A verdade é que sou má, mas tenho de pelo menos esforçar me ao máximo e tentar. Talvez nunca saia de ser má, mas não pode ser o desistir a vencer. O que digo a mim mesma é que posso falhar, mas não desistir... nunca. Eé com este  mantra  que me tem empurrado na vida nas alturas mais difíceis que conto.

Com isto no pensamento, dei comigo a pensar e lembrar-me de duas situações particulares em que isto aconteceu, uma foi na  primeira semana no meu curso eu não conseguia perceber como se dizia tecnécio, e apesar dos altos e baixo acabei por concluir a licenciatura com sucesso e de posteriormente passar 10 anos da minha vida a ensinar a novos estudantes o que o tecnécio era...

A segunda foi quando chumbei a estatística na frequência, e tive de ir a exame, os únicos exames que fiz porque chumbei e não porque decidi ir a exame foram precisamente a estatística. Mais tarde no mestrado o professor que tinha elogiou tanto a minha intuição em estatística que eu acabei por gostar imenso, aprender e aplicar em imensos projectos ao longo da vida.

Às vezes precisamos de coisas que nos relembrem que não ser bom em tudo no início é o normal, que podemos ter falta de talento e gosto em alguma coisa e ainda assim acabar a aprendê-la. Que o importante nestes casos é persistir, mesmo mal, trabalhar muito até que um dia acabe por ser o suficiente. Peço a Deus a força para persistir...

Aconselho a que assistam  o vídeo é um discurso fantástico para motivação de espíritos esmorecidos como o meu e um pouco o de todos nós nesta fase tão difícil.

Já agora Boa Páscoa!


Ponho esta foto porque foi tirada nas galerias romanas debaixo da cidade de Lisboa, ao fim de eu ter aguentado 7 horas na fila, num dos poucos dias no ano em que abre. 





How happy I was if I could forget

  How happy I was if I could forget How happy I was if I could forget To remember how sad I am Would be an easy adversity But the recollecti...