segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Anúncios que nos fazem sonhar

Hoje encontrei um anúncio alemão a uma marca de comida saudável, que tem um miúdo que deseja voar. Mas o miúdo vive num mundo de gordos e o peso impede-o de alcançar o sonho. Um dia olha para um pássaro e acaba por criar um plano que funciona. No fim vemos o miúdo a voar, magro por comer a comida dos pássaros e de sonho realizado.

Eu quando vi o anúncio achei-o muitíssimo inteligente, quer em relação ao peso quer em relação a outras limitações. Muitas vezes fazemos planos para quando atravessarmos a limitação, quando fundo fomos nós que a definimos como limite. Por exemplo "quando for magra uso biquini", ou "saio à procura de alguém de quem goste", ou "vou finalmente procurar um trabalho de que goste" quando o facto de começar a trabalhar no que queremos ou nos ajuda a ultrapassar a limitação ou nos prova que é no fundo irrelevante para conquistar  os nossos sonhos.

 Quantas pessoas gordas não põem um limite de peso para sonhos que querem realizar e a não atingir esse limite nunca trabalham em realizar os sonhos? Quantas pessoas gordas e magras não fazem isto noutros campos? Quando for rico? Quando tiver isto ou aquilo...

 Eu acho que isto nos leva apenas a frustração, devemos quebrar limites não construí-los, começamos a ter mais problemas em vez de apenas o problema original. Eu fiz isto em muitas coisas na vida, por norma não em relação ao peso, mas em relação a outras coisas que queria. E foi um erro!

Temos de ser os nossos maiores incentivadores, e não deixar que os nossos medos e as vozes de medrosos terceiros nos parem.


Como já dizia António Gedeão:

Pedra Filosofal
Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.

In Movimento Perpétuo, 1956

Em relação ao anúncio está aqui, é fantástico!!

http://www.jornaleconomico.sapo.pt/noticias/o-menino-que-nao-podia-voar-porque-era-obeso-o-video-que-esta-a-emocionar-a-alemanha-124244?utm_medium=Push+Notificiation&utm_source=OneSignal&utm_campaign=OneSignal#_swa_cname=sapo_fb&_swa_csource=facebook&_swa_cmedium=Web


domingo, 19 de fevereiro de 2017

A imposição da felicidade

Eu pertenço àquele grupo de pessoas, também chamados de sonhadores, que têm como principal objectivo de vida ser feliz. Não sou particularmente ambiciosa pelos padrões normais,nem o dinheiro nem a ideia de sucesso me motivam particularmente. Motiva-me a ideia de paz interior, a ideia de viver rodeada de amor sem grande stress e dificuldades. Quero um mundo cor-de-rosa e talvez por isso me sinta sempre infantil. Não sou também muito materialista, ou melhor, sou de uma forma estranha, sou apegada a materiais que me trazem memórias, a livros, a cartas a fotografias, a objectos afectivos.

Mas mesmo eu  às vezes preciso de estar triste, e quando em épocas em que passo por situações em que o estar triste é o normal sinto que há uma imposição para não estar mal. Ou pelo menos para não o demonstrar. Vivemos numa sociedade que se embriagou tanto com a ideia de positividade que deixou de nos dar espaço para os momentos menos bons.

Eu acredito que em determinadas alturas viver os sentimentos livremente é catártico, que precisamos de tempo para digerir o estar mal, até que este sentimento se gasta e nos deixa recomeçar a ter outros sentimentos. Em alturas de acontecimentos que nos causam desgosto ter além do desgosto a pressão de não o demonstrar por preocupação com os outros torna tudo mais difícil ainda.

Às vezes o caminho mais fácil para a felicidade é a infelicidade, é o sentir o que se tem de sentir no momento até que nos cansemos e avancemos em direcção à reconstrução, em direcção ao novo eu que inevitavelmente momentos difíceis ajudam a moldar. 

E no fundo, sem tristeza, não conseguiríamos apreciar a felicidade...






domingo, 12 de fevereiro de 2017

Dia dos namorados ou como está na moda odiar datas e festejos!!

De há alguns anos para cá nota-se uma certa relutância nas pessoas em aderirem a datas festivas. Não a todas, mas a algumas em especial, como por exemplo o dia dos namorados e o Natal.
Está na moda odiar estas datas e justificar-se que é demasiado comercial, quando a verdade é quem quem faz as datas comerciais somos nós mesmos. Na realidade vivemos num mundo consumista o Ano inteiro e nestas datas como durante o resto do Ano isso nota-se. Vejo as pessoas a aderirem ao Haloween, que cá não tinha repercussão nenhuma mas a queixarem-se de todas as datas em geral que nos incentivam a pensar mais no outro que em nós mesmos.

Eu pela minha parte e apesar de não ser uma fã desmesurada do Natal, gosto do espírito de ajuda que se vive nessa época e gosto também do dia dos namorados, dia de São Valentim e um pouco de todos os dias que sejam uma celebração ao amor.
Acho que por agora é moda odiar estas datas, daqui a uns anos virá a moda de voltar a gostar porque vai ser tão retro dar importância a isso... 

Eu acredito que o amor deve ser celebrado o ano todo, mas também acho que é difícil lembrarmo-nos sempre disso, entramos em modo cruzeiro um pouco em tudo o que é normal na vida e é preciso que eventos nos acordem desse modo para que demos muitas vezes a devida importância ao que temos.

Este vai ser um dia de São Valentim triste para mim, os dragões do loiro foram mais fortes que nós e terminámos definitivamente. Encontro-me por isso em período de reclusão dos assuntos do coração, adoptei um cão (também ele loiro e super giro :D) e acho que por uns tempos vou viver para as outras coisas na minha vida que não o amor romântico.

Mas ainda assim, triste, com saudades do tamanho do mundo de alguém que já não pertence à minha vida, sem vontade de avançar nesse campo por muito tempo dou por mim animada com estes dia em que se  celebra o amor. Num mundo em que o ódio é a palavra do mundo, façamos do amor regra. Que seja um dia para nos apercebermos do quão sortudos somos ou fomos pelas histórias que fazem parte de nós. 

E o amor e tudo o que o celebre só pode ser uma coisa boa, não porque somos forçados a comemorar, mas porque temos essa oportunidade. Quando se ama todas as oportunidades de celebrar o amor são maravilhosas.














terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Pessoas cão e Pessoas gato: relações

Segundo a teoria da atracção da Helen Fisher existem 4 circuitos cerebrais responsáveis pelo tipo de pessoa que somos e pelo tipo de pessoa por quem nos devemos sentir atraídos. É uma teoria interessante, comprovada com milhares de questionários e por isso uma verdade científica.

Ora o que vou escrever aqui hoje não se baseia em nada destes estudos científicos, embora os conheça e acredite piamente neles, na realidade é só uma opinião sobre este tema das relações razões de sucesso e de fracasso, debato este tema há longos anos com as pessoas que me rodeiam.

Eu acredito que algumas pessoas  nas relações têm características de gato e de cão.
Todos os amantes de animais acabam por preferir ou os gatos ou os cães, até podem gostar dos dois mas costumam ter uma inclinação.

 Ora as pessoas que gostam de gatos por norma são pessoas que gostam de conquistar, gostam de dar, são generosos por natureza e sentem que cuidar do outro lhes faz bem. Dão a atenção sem pedir muito em troca ...ficam contentes com pouca retribuição e a recompensa talvez seja atenção. Estas pessoas são como se fossem pessoas cão, ou seja,  pessoas que estão sempre felizes por ver o outro, disponíveis, são pessoas que tal como os cães que põem os interesses do dono à frente dos seus põem os interesses dos outros à frente dos seus.

Depois há o oposto as pessoas gato que são as pessoas que gostam de receber sobretudo, sem dar na mesma medida, mas que acabam por atrair as pessoas cão precisamente porque gostam de receber aquilo que as outras querem dar.

Esta é a receita para o fracasso e para uma relação tóxica e desequilibrada!

Já me deparei com muitas pessoas na vida que são mais do estilo cão ou mais do estilo gato, e apercebo-me que as pessoas gato têm dificuldade em dar generosamente enquanto as pessoas cão têm dificuldade de se pôr no lugar especial que é o centro das suas vidas, ambas acabam invariavelmente decepcionadas.

Alguns de nós podem em dada altura da vida identificar-se mais com um ou com o outro lado da questão, a vida  e as experiências mudam-nos.

Eu sempre fui mais do estilo pessoa cão, é algo que gostava de mudar em mim mas não consigo. Sou demasiado transparente e quando gosto, gosto! Esforço-me pelos outros mais do que devia, sobretudo em relações amorosas. Quando não gosto já me aconteceu ficar para não magoar o outro e acabarmos os dois mais magoados com o tempo.

Estou a tentar reeducar-me, então encontrei adoptei um cão, estou a tentar habituar-me a receber eu a atenção, a ser eu o centro do amor de um ser que não me exige muito em troca.
Não sei se isto está ou não ligado com a auto-estima, eu acho que tenho uma auto-estima saudável, ainda assim sinto-me sempre mais no caminho do dar do que do receber na mesma medida.

Está na altura de inverter tudo isto e procurar um maior equilíbrio na minha vida.




quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Regras de moda para gordas

Existe uma ideia generalizada (que nos últimos tempos me parece mais plástica e por isso com tendência para a mudança) de que as gordas por serem gordas não devem usar as roupas que desejam.
Eu apesar de no dia a dia ser mais prática, gosto imenso de moda e este conceito revolta-me. Muitas das lojas ainda hoje têm tamanhos que não se aplicam a pessoas acima do tamanho 40 ou 42, ou seja, não têm roupa para pessoas que estejam no sobrepeso.

Ainda que existam algumas marcas de roupa mais viradas para gordos, ainda é difícil para os gordos encontrar roupas que sejam pensadas para os seus corpos em lojas ditas "normais". A primeira lufada de ar fresco neste sentido surgiu quando a H&M veio para Portugal, eu na altura não tinha nem de perto nem de longe o tamanho que tenho hoje  e ainda assim sentia dificuldade em encontrar roupa que me servisse e parecesse para a minha idade na maioria das outras lojas ditas juvenis.
Hoje em dia há mais opções e o instagram e os blogues trouxeram a possibilidade de encontrar muitas pessoas que não deixam que o corpo e o facto de não estarem de acordo com as "normas mudas" vigentes as limite no sentirem-se bem e no usarem a roupa como uma forma de expressão.

Há assim cada vez mais a necessidade de nos vermos representados por modelos reais, o que faz todo o sentido. Numa sociedade crescentemente obesa seria a "morte do artista" as lojas continuarem a produzir roupas apenas para pessoas mais magras.

E hoje encontrei o artigo que apresento abaixo, o qual gostei muito, porque em quase todas as roupas que eles dizem ser suposto assentarem em toda a gente colocam uma modelo magra e uma com um ligeiro sobrepeso.


Ser gordo já é um peso suficientemente difícil em muitas coisas, para além disso termos de usar roupas feias (especialmente o peso da não aceitação social).

Então não deixemos que o nosso tamanho nos defina, nos limite e acreditemos que o mais bonito é sentirmo-nos bonitas. O que os outros pensam... é apenas: o que os outros pensam!


Regra número 1: Sapatos rasos ficam mal em gordas.




Regra número 2: As gordas não podem usar leggings nem roupa justa.


Regra número 3: As gordas não podem mesmo usar riscas horizontais, nem mini-saias!!!



p.s. Eu não concordo com todas as roupas que eles dizem no artigo, mas devo dizer que há muitas mais que ficam bem em pessoas grandes e que não estão aí. Temos de ir experimentando e vendo o que nos faz sentir melhor.
Aproveito para me mostrar a infringir umas 10000 regras de moda para gordas, mas com roupas que me fazem sentir eu, e bonita na minha pele.



How happy I was if I could forget

  How happy I was if I could forget How happy I was if I could forget To remember how sad I am Would be an easy adversity But the recollecti...