segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Vozes de burro....ou o ódio aos gordos!!

Na semana da moda em NY aconteceu recentemente o desfile de moda de lingerie para Plus Size de Ashley Graham.
Hoje a ler um artigo no expresso deparei-me sobre um post acerca do mesmo, em que a autora se foca no fundo mais nos comentários negativos às modelos do que nos positivos. Ainda que tenha gostado do tema, devo dizer  que na perspectiva de alguém que é gorda para uma autora que o não é, preferiria ter visto um artigo focado no positivo. Ainda assim entendo que a intenção foi óptima e deixo aqui o link.

http://expresso.sapo.pt/blogues/bloguet_lifestyle/Avidadesaltosaltos/2016-09-19-A-lingerie-sexy-nao-e-so-para-gente-magra

Após a leitura do texto deixei um comentário e fui imediatamente atacada pessoalmente por alguém que veio responder ao meu comentário dizendo que "é inato às gordas querer elogios". Ora eu quero apenas concordar com este senhor,  dizendo antes: é inato ao ser humano querer apreciação. Ainda que veja muito mais esta necessidade de apreciação nas pessoas que odeiam gordas, que nas gordas em si. Afinal, por norma as gordas assumem uma forma que recebe muito mais crítica social negativa que propriamente apreciação, pelo menos de forma aberta em sociedade.

Acho engraçado este ódio aos gordos em geral, os gordos não fazem mal a ninguém por serem gordos. Na realidade é uma doença e em alguns casos uma opção pessoal, talvez mais até do que comportamentos como fumar e beber que podem incomodar os outros por contaminar o ar por exemplo, ou por desacatos e acidentes causados por excesso de álcool, que são tão frequentes.

Mas o ódio aos gordos acho que só é comparável ao racismo, ou à homofobia.  É um ódio só por outro ser quem é, sem que o gordo traga algum prejuízo ao outro, e sendo o único benefício decorrente deste insulto o puro prazer sádico do que insulta.
A minha opinião nisto é que pessoas que seguem as normas sociais, se sentem postas em causa com a diferença, e acham "se eu me esforço por seguir tal norma devo impor esta norma aos outros". Acredito que este ódio é um fruto de pessoas demasiado conformistas para conseguirem questionar a realidade que os rodeia, ou com demasiado medo para a assumirem na sociedade.
Armam-se então de todos os argumentos referentes à saúde sem se darem conta que a grande maioria das modelos plus size está na realidade na classe de peso com maior esperança de vida e com menos morbilidades associada, ao contrário das modelos de "tamanhos normais". Temos ainda de ter em conta, que tamanho normal é relativo,  tendo em conta que se tomarmos a norma como exemplo, as plus size estão também mais dentro da norma que as outras..


Em relação ao desfile, eu tinha já visto esta notícia do desfile há uns dias e ontem quando voltei de fim de semana mostrei-a ao meu namorado (só como provocaçãozinha por ele ter como principal defeito o facto de ser super ciumento) e disse-lhe a brincar:

- Vou mudar de carreira, decidi ser modelo de lingerie plus size!"

Rimo-nos imenso, e ele, que por caso fez desporto de alta competição, anda a treinar para uma maratona e tem um corpo de modelo magro, respondeu-me:

- "Se quiseres não te falta nada".

Na realidade devo terminar este texto dizendo que deve ser realmente "inato a mim por ser gorda procurar elogios", estranhamente os únicos elogios que me interessam são os das pessoas que amo.

E como forma de elogio a  mim mesma decidi pôr aqui uma foto de mim, GORDA e SEXY, tal e qual modelo Plus Size!!!








quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Deficiência e inclusão

Hoje o tema sobre o qual escrevo é um bocadinho diferente e ainda assim dentro do que costumo, pois também ele trata da aceitação da sociedade à diferença.

Estava a ler um artigos sobre os Jogos Paralímpicos e concretamente sobre uma nadadora paralímpica que sigo no facebook e que admiro, e numa das suas conversas ela ressalvava a importância de mostrar que as pessoas com deficiência podem ter uma vida plena e que a deficiência muitas vezes é menos limitante do que as barreiras psicológicas que muitas vezes as pessoas que não têm deficiência põem a si mesmos.

Esta é uma temática pela qual eu tenho um carinho especial pois este post é também uma forma de homenagear as três pessoas mais importantes da minha vida:


  • O meu Pai que é portador de uma deficiência física quase desde o início da idade adulta; 
  • A minha Mãe que é educadora de infância licenciada em educação especial e trabalhou  com crianças com deficiência durante muitos anos;
  • A minha irmã que escolheu ser fisioterapeuta, para poder melhorar a qualidade de vida das pessoas com deficiência.


O ter crescido neste contexto ensinou-me a valorizar o tema e a desvalorizar a deficiência

Valorizo o tema porque entendo a necessidade de valorizar as pessoas com deficiência, um mundo não adaptado como aquele em que vivemos é um incentivo a que as pessoas, se forem portadoras de qualquer uma destas condições limitantes,  não vivam, mas sobrevivam. Eu que não tenho nenhuma deficiência física mas que tenho uma lesão no pé tive de usar muletas para me locomover algumas vezes o que me abriu um bocadinho os olhos para esta realidade, mas que está totalmente distante da realidade que pessoas de cadeira de rodas, invisuais ou com outras limitações maiores e permanentes enfrentam.

Desvalorizo contudo a deficiência, porque acho que as pessoas com alguma incapacidade são muitas vezes vistas pela incapacidade que têm e não pela pessoa que são, mesmo no descritivo que fazemos da pessoa.
 O facto de o meu pai sempre ter feito uma vida totalmente normal, incluindo trabalho com artes manuais, desporto, agricultura, conduzir e nunca deixar que isso o limite é inspirador. Ele podia (após o acidente que o fez ficar com este problema) passar o resto da vida a sentir pena de si e em vez disso pôs mãos à obra, delineou para si um futuro diferente do previamente planeado e vive sem que isso o limite. Vejo em muitas pessoas com deficiência esta garra de fazerem tudo, sem deixarem que o mundo as limite ou rotule apenas pela deficiência que têm, o que me faz tê-las como exemplo e admirá-las.

A verdadeira inclusão acontece quando o mundo e sociedade vêem as pessoas que têm deficiência sem ser através do rótulo da mesma, ou seja,  assumem as pessoas portadoras de deficiência na sua constituição, e se adaptam também a estas pessoas para que elas não tenham este esforço extra de se tentarem a adaptar a um realidade que muitas vezes os coloca à margem, não reconhece o seu lugar de indivíduo válido,  ou não é feita tendo em conta também as suas necessidades.

Ainda dentro desta temática ontem começaram  os Jogos Paralímpicos e de hoje é o dia do fisioterapeuta, uma profissão essencial para a reabilitação, inserção, qualidade de vida e felicidade de muitas pessoas portadores de deficiência.

 Aproveito para deixar aqui o link  dum artigo sobre a Camille Rodrigues, a quem admiro.

/https://tudobemserdiferente.wordpress.com/2013/08/29/conheca-a-historia-de-camille-rodrigues-nadadora-paraolimpica-que-ama-salto-alto-ser-diferente-e-fashion-por-mariana-silva/

E uma foto da minha família, de quem me sinto orgulhosa e que são sem duvidas, pessoas que fazem deste mundo um mundo melhor!! :D















terça-feira, 6 de setembro de 2016

A auto-estima dos gordos

Este post é uma carta de amor a mim mesma!

Por isso quero reforçar que esta é a minha postura face à gordura e ao meu corpo e entendo que a generalidade das pessoas  não pense assim e não se sinta identificado com o que escrevo.

Estudos sociológicos realizados acerca da imagem corporal denotam uma associação entre uma degradação da auto-estima e o aumento de peso.
 Eu acredito que esta questão afecte sobretudo as pessoas que vêm inicialmente dum estado de peso muito saudável. Isto de ser gordo mexe muito com a nossa identidade e se parte da minha identidade é o meu corpo então quando este é alterado essa ou sofre um reajuste ou far-me-á sofrer inevitavelmente.

Eu fui uma criança magra, sofro de excesso de peso desde a adolescência embora tenha tido variações de peso superiores a 30 kg. No meu caso concreto, depois duma infância em que me sentia uma criança bonita, e duma adolescência em que me sentia horrível, conquistei uma auto-estima saudável na idade adulta. 

Gosto dos meus pontos fortes, aceito os mais fracos e embora veja o meu peso como o meu grande defeito (pois tem origem num descontrolo) sinto como libertador o facto de o meu pior defeito ser visível e de a partir daí não ter de provar nada a ninguém. Tudo o que se conheça de mim só pode ser melhor que a primeira impressão que se tem. Ser gorda é libertador!!

Ninguém nasce e cresce a querer ser gorda, mas acho que nos podemos desenvolver de forma a que isso passe a ser parte de nós sem que nos incomode. 

Sinto-me parte dum grupo contrário ao destes estudos realizados, a minha identidade presentemente não está muito associada ao meu aspecto físico, embora eu me sinta feliz mesmo com o meu aspecto físico.

Admiro as pessoas boas em primeiro lugar, as inteligentes em segundo e só após isto as bonitas. E também por esta ordem me preocupa o falhar numa destas áreas.

Talvez por isso tenha uma auto-estima que considero saudável. Gosto de mim!!! 

Aceito quem tem uma opinião diferente mas isso não afecta a minha. 

Tenho a sorte de acordar todos os dias, olhar para o espelho e sentir-me bonita. Depois dum período em que usava a maquilhagem para esconder os meus defeitos, comecei a gostar desses mesmos defeitos. Continuo a  gostar de maquilhagem,  mas neste momento, porque vejo nestes gestos um momento de cuidado e amor para comigo mesma.

Para não maçar ninguém com este texto que pode ser entendido como arrogante, deixo aqui o testemunho da Ashley Graham, uma mulher lindíssima que teve também ela um caminho de aceitação até ao amor próprio.

Aproveito ainda este post para anunciar que desejo incluir no blog em posts futuros testemunhos de mulheres que se aceitam e estimam como são. Algumas das mesmas essenciais como modelos neste processo de auto aceitação e crescimento do meu amor próprio.






How happy I was if I could forget

  How happy I was if I could forget How happy I was if I could forget To remember how sad I am Would be an easy adversity But the recollecti...