Hoje encontrei um artigo em que uma mãe faz a distinção em inglês de fat=gorda, com fat=gordura.
Ela tinha sido chamada de fat=gordura pela filha.
Ora em português se a nossa língua não se presta a estas confusões, há contudo semelhanças, e a semelhança está na conotação muito negativa que algumas pessoas vêem com o ser-se chamado gordo ou gorda.
Eu pessoalmente não tenho nenhum problema com a palavra, é verdade que sou gorda, mas isso é apenas um descritivo de uma das minhas características, o problema não está na palavra o problema está em a palavra ser vista como um insulto quando não é. Incomodam-me mais todos os eufemismos que podem dizer gorda do que o gorda em si, porque me faz sentir que vivo num mundo em que isso é um problema quando não deveria ser.
Quando aqui há algum tempo falei com a minha editora no sentido de converter o conceito do blog num livro, uma das senhoras da editora disse que eu não deveria dizer gordas. Eu digo, continuarei a dizer e se um dia alguns destes pensamentos virarem livro quero poder dizer as gordas, sabendo que não será visto como um insulto mas apenas como uma palavra na qual me revejo sem ser associada a nenhum insulto. Quero que as pessoas deixem de ter vergonha de serem gordas, acho que é mais isso, que ser gordo não seja algo que se tenha de ser de forma envergonhada porque não se pode esconder.
Quero que deixe de associar baixa auto-estima e insegurança com o ser gordo, como num anúncio a um ginásio, que me deixa indignada todos os dias onde colocam escrito na pele duma gorda imensas doenças e coisas como fraca auto-estima, insegurança e numa mulher magra os opostos. Quero que se entenda que sim, o excesso de peso pode significar e aporta doença, mas magreza não é sinónimo de saúde e nem deve ser aceitável marginalizar alguém em relação ao peso ou à saúde, ou a qualquer comportamento que não prejudique outros.
Um pouco como as asneiras na boca das pessoas do Porto e de Lisboa, em relação ao termo gorda o importante não é a palavra, é a carga emocional e a conotação que lhe está inerente. Sempre vi mais pureza em algumas asneiras no Norte, que em muitos sorrisos do sul.
E viva a transparência, viva o chamar as coisas pelos nomes, viva o politicamente incorreto que estreita distâncias e nos torna a todos nas nossas singularidades igualmente merecedores de respeito e valor.
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