Na infância, sabemos quem é a nossa pessoa preferida, o nosso melhor amigo, que o rapaz que nos puxa o cabelo gosta de nós, e que a miúda que não nos deixou saltar ao elástico é má e não é nossa amiga...
Na infância não há cinzentos! Há preto ou branco! Certo ou errado! Sabemos quando somos nós que fizemos asneiras e quase sempre como as evitar... ironicamente não nos percebemos que temos mais certezas que os crescidos. A acrescentar isto os crescidos mentem muito, por isso mesmo que se pergunte o que se quer saber nunca se sabe se a resposta é de facto a verdade...
Neste mundo tão mais complexo dou-me por perdida. Sinto sempre que nasci velha, que sabia muito mais o que queria até aos 30 do que depois dos 30.
Os 30, aquela marca imaginária na qual as pessoas no início dos 20 pensam que têm de ter a vida organizada... Pois bem chegaram e nada mudou, não me lembro da transição, mas algures no avançar dos 30 a vida veio, coisas muito boas e muito más e dei comigo a perder o chão, as certezas, e de momento mesmo o rumo.
Para outra pessoa talvez isto não fosse um problema, mas para a maniacazinha do controlo que vive em mim não saber o que faço, como faço, o que escolher, e a vida e futuro que quero ter é francamente uma catástrofe.
Voltei a escrever por isso; sempre me ajudou a organizar os pensamentos, ainda que francamente não tenha a certeza se será de alguma ajuda no momento em que me encontro para mim ou para alguém que leia isto.
A única coisa de que posso servir é de exemplo para alguém que aos 37 não tem como certo quase nada na vida.
O doutoramento atrasou, a menos de 9 meses da data final encontro-me à espera da base de dados que preciso para terminar (não está nas minhas mãos e já espero há cerca de dois anos por esta base de dados).
O meu casamento tem andado pelas ruas da amargura ao ponto de termos decidido desistir há dois meses, de momento no meio de negociações para ver o que decidiremos mesmo, é ainda uma incógnita em que caminho seguiremos e se conseguimos um futuro juntos como optimisticamente decidimos quando nos decidimos casar...
(Um aparte, mas as únicas pessoas que vejo venerar a ideia de casamento são os meus amigos que ainda não o experimentaram, e se encontram agora na ideia de iniciar essa aventura, parece pessimista, mas fora do facebook no sítio onde as relações são reais em vez de kodak tudo dá muito mais trabalho e parece muito mais destinado a trazer problemas do que algum dia anteviríamos).
A minha saúde anda miserável e tudo o anterior fez-me recentemente desenvolver crises de ansiedade que terei de encontrar uma forma de resolver (provavelmente psicólogo e medicação).
Aos 37 vejo a vida para a qual lutei tanto e que tanto planeei deslizar como se de um aluimento de terrenos numa enxurrada se tratasse... E qual é a solução para isto? Que certezas tenho?
Muito poucas... mas em sumário poderia dizer que tudo o que desce sobe e vice versa, o que quer dizer que no fim de tudo hei-de encontrar maneira de sobreviver a isto tudo, de sarar as feridas e de conhecer de novo a pessoa que toda esta pressão forjará. O meu novo Eu, não necessariamente melhor ou piro, só diferente... No final de mais esta grande queda de novo me hei-de levantar!
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