quarta-feira, 20 de julho de 2022

Asas ou raízes?

Senti hoje uma vontade renovada de escrever, não só de escrever para mim como muitas vezes escrevo mas antes com coragem de voltar a partilhar estes pensamentos negros, tortuosos, estranhos ou simplesmente idiotas que tão frequentemente me assolam e que são um pouco o fio condutor da minha escrita.

Dei-me conta que a minha última publicação foi há mais de um ano e que foi algo muito negro ao que se seguiu um período de reclusão nesse campo.
Também hoje não escrevo com o espírito mais livre possível, mas antes como se uma nuvem rodeasse os meus pensamentos turvando-os, não me deixando ver se o que escolhi está certo e que escolha fazer no futuro e mesmo no imediato.

Falar com duas amigas que se encontram também em momentos difíceis fez-me refletir sobre estas coisas, e senti este desejo de partilhar, de ouvir outros, de saber se sou só eu, ou se de alguma forma é a condição humana que se espelha no meu pensamento.

O Doutoramento é um fardo pesado nas cabeças de quase toda a gente que conheço, para mim não tem sido exceção... Mas às vezes penso se não será antes a vida. 
 Se me tivessem perguntado aos 30 se ia mudar, eu juraria a pés juntos que não, que seria eu sempre mais ou menos a mesma.

Pois passados 7 anos sinto-me tão diferente que se alguém que não me vê desde os 30 me conhecesse novamente  provavelmente fora o exterior não me reconheceria.
Sempre fui uma pessoa de raízes, do género em que a casa e o passado tem a maior importância, fui uma adolescente prematuramente idosa. Para agora me ver na meia idade a pensar mais em me tornar uma pessoa com asas. Alguém virado mais para o Futuro que para o passado.

O tempo com a sua passagem tem a magia de nos fazer ver que tudo é mutável, que o que hoje nos causa lágrimas será em alguns anos um motivo de riso, que aquilo que nos orgulha de momento será algo que em algum tempo veremos com arrependimento, a lista continua de forma exaustiva.... A verdade é que todos fazemos as nossas escolhas pelo melhor, mas nem o tempo nos diz se as escolhas que fizemos foram as mais acertadas... Num livro da Alice vieira que li há muitos anos havia uma frase a dizer que o mundo gira à volta dos "ses". E é um pouco isto. Era tão mais fácil SE os SES fossem acertos... Como SE saber SE o que SE escolhe é de facto o correcto, SE em última instância perseguindo o que queremos não perdemos o que temos. Ou SE escolhendo o seguro, as raízes não perdemos uma vida muito mais cheia plena ...

Mas mudei e pouco posso fazer em relação a isso... Sou Hoje muito mais uma pessoa com asas que  com raízes...





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