quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Este é um post sobre assuntos sérios.... Síndrome dos Ovários Poliquísticos, maternidade, obesidade e igualdade de género

Este é um post sobre assuntos sérios:


A síndrome dos ovários poliquísticos é uma condição patológica que me acompanha desde a adolescência, que me influencia física e psicologicamente,  que nos últimos anos tem condicionado algumas das minhas decisões e moldado a minha visão do mundo e de mim mesma.

Esta patologia é um distúrbio endócrino, que provoca alteração dos níveis hormonais  induzindo a formação de quistos nos ovários e fazendo que os mesmos aumentem de tamanho.

Esta doença além dos quistos nos ovários interfere com muitos outros órgãos e sistemas do corpo provocando:

  • Menstruação irregular,
  • Aumento na produção de testosterona com um aumento consequente da pilosidade e do acne,
  • Obesidade,
  • Resistência à insulina com o aumento da incidência de Diabetes Mellitus,
  • Cancro do útero
  • Infertilidade
  • ...

No meu caso concreto tenho esta síndrome numa vertente muito severa, tendo alterações morfológicas muito pronunciadas em ambos os ovários, alterações menstruais e dores, aumento de peso pós puberdade, acne desde a adolescência, pilosidade em excesso... e espero sinceramente que nada mais apareça.

Esta síndrome tem a característica de ser mais facilmente controlada se ao tratamento hormonal se associar a perda de peso, ainda que pelas alterações hormonais que provoca, torne essa perda de peso mais difícil. Estima-se que 50%  das mulheres com esta patologia sejam obesas, existindo uma relação clara entre estas duas condições patológicas.

No meu caso concreto, quando soube que tinha este problema o médico alertou-me para a grande probabilidade de poder ter de ser sujeita a cirurgia se não conseguissem controlar o crescimento dos meus ovários, e também para a probabilidade de infertilidade caso adiasseadiassey a maternidade muito além do que se considera a barreira ideal.

Quem me conhece sabe que eu não sou a pessoa mais maternal do mundo, na realidade nunca me senti muito destinada a esse feito e nunca foi um dos meus grandes desejos a realizar na vida, contudo, no momento em que soube, pensei como tudo isto poderia condicionar a minha vida e a da pessoa que escolhe estar comigo.
Ser mãe é uma coisa que não desejo agora, mas que poderei vir a desejar quando for tarde demais, Assim, nesta fase com 31 anos, tomei a decisão (que apesar de acessível é ainda não muito generalizada) de optar pela criopreservação dos ovócitos, ou seja, vou congelar os meus óvulos para que se e quando  me apeteça, possa ser mãe.

Quero contudo realçar que num mundo que como mulheres nos impõe constantemente prazos e nos exige perfeição em todos os domínios da vida, esta decisão pessoalmente é o meu Grito de Ipiranga. Para a sociedade em geral esta é uma porta que a ciência abre no sentido de mulheres e homens se aproximarem nos seus direitos.

A mim, que sou uma fã confessa do "Admirável Mundo Novo", vejo na acessibilidade destas técnicas a possibilidade de criar o meu "Admirável Mundo", à velocidade da minha vontade, decidindo eu por mim e pelo que quero para o meu futuro, ao ritmo que quero!!












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