quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Vamos falar de felicidade

A felicidade é uma emoção que cerebralmente é associada à quantidade de alguns neurotransmissores presentes no cérebro, mais precisamente à serotonina. Tudo o que sentimos tem um fundamento biológico, que pode ou não ser estimulado interna ou externamente. 

Aparentemente nascemos com um potencial nível de felicidade que está inscrito nos nossos genes tal como a nossa altura ou outras características- Assim qualquer evento muito bom ou muito mau pode aumentar ou diminuir os nossos níveis de felicidade, mas está estudado que apenas durante um certo período, e que após este tempo se não se entrar num processo patológico de depressão tenderemos a voltar aos mesmos níveis basais de felicidade.

O Fernando Pessoa na sua poesia associava a felicidade à capacidade que temos de pensar sobre o mundo e a vida, a chamada dor de pensar. Embora eu concorde que realmente uma análise racional ao mundo que nos rodeia nos fará mais infelizes, a verdade é que mesmo esta análise racional é feita com o nosso olhar enviesado condicionado pelo nosso background pessoal genético e por todas as nossas vivências e contexto social de inserção.


Os Budistas acreditam que somos felizes quando nos focamos no aqui e no agora e que a felicidade é como um músculo que pode e dever ser treinado. Eu embora estude ciência, sou como pessoa um misto entre crença e ciência, não acredito que a ciência traga todas as respostas, na realidade acredito que a ciência apenas tem um paradigma num tempo que vai sendo alterado e que a nossa evolução nos permite perceber melhor a dimensão do desconhecido. Ainda assim gosto da física e da estatística porque explicam um pouco o que vemos como inexplicável, e das neurociências porque nos permitem perceber a forma como percepcionamos o mundo e nos dão a ilusão que tudo é controlável, mesmo o que sentimos. 


Geneticamente e tendo em conta que a depressão é uma constante em muitos dos meus familiares deverei ter esta tendência, eu própria já estive próxima de processos depressivos e sempre que me sinto perto organizo-me para não cair nesse poço, faço desporto, ocupo-me, volto a estar mais com as pessoas que me fazem feliz e amada, como se de um processo terapêutico se tratasse. No fundo é uma abordagem pessoal e empírica ao problema, antes que outras soluções drásticas sejam necessárias.

Portugal é um dos países com valores relativos à satisfação com a vida mais baixos, talvez isto seja também cultural, enquanto que nos países nórdicos as pessoas se sentem extremamente felizes e quando não sentem têm tendência a suicidar-se. 

Acredito que a felicidade vem da forma como percepcionamos a nossa realidade mais ainda do que da realidade em si. Eu por exemplo fico mais feliz em dias de chuva, ainda que o oposto seja o que biologicamente faz sentido. Embora eu me sinta sazonalmente mais depressiva no Verão este ano é uma excepção. Tenho-me sentido irritadiça, preocupada, ansiosa, com insónias... Está na altura de voltar a fazer coisas que me façam feliz, talvez a resposta seja essa, não nos esquecermos de nós, antes que o nosso corpo nos obrigue a isso.

Deixo aqui a informação sobre os rankings da felicidade:


Há quem diga que a felicidade é como uma borboleta, que quanto mais se tenta agarrar mais foge... Eu gosto de pensar na felicidade como uma planta, que tem de ser cuidada para não murchar, e que exige um cuidado permanente, deixo por isso aqui uma imagem dum dos meus livros preferidos: O principezinho. Em que a moral é: são o tempo e energia dedicados às coisas  que as fazem valiosas. No fundo,  só podemos sentir-nos valiosos aos nossos olhos quando pomos esses esforço em cuidar de nós mesmos.



“Foi o tempo que investiste na tua rosa que a fez tão importante”


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